Ponto de situação sobre a crise em Moçambique

Caros amigos,

Na sexta-feira passada, na sequência da devastação catastrófica causada pelo ciclone Idai, a African Parks mobilizou uma equipa do Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto para apoiar os esforços de resgate actualmente em curso ao longo do rio Buzi.

Nos últimos quatro dias, a nossa equipa esteve intensamente envolvida em operações de salvamento juntamente com outras organizações.

O ciclone abateu-se sobre a costa da Beira há 12 dias, transportando ventos de até 170 quilómetros por hora e fortes chuvas que submergiram as aldeias à medida que se deslocava para o interior. A perda de vidas tem sido elevada e estima-se que mais de meio milhão de pessoas tenham sido afectadas. À medida que as águas das inundações escoam e as principais organizações de assistência humanitária intensificam os seus esforços nas zonas com grandes concentrações de pessoas, torna-se evidente que as necessidades humanitárias irão aumentar significativamente nas semanas e nos meses que seguem. Enquanto 128.000 pessoas já encontraram refúgio nos centros de acomodação temporários, a nossa equipa no terreno informa que centenas de milhares de pessoas das povoações ao longo do rio Buzi permanecem isoladas, desprovidas das suas fontes de alimento que foram completamente destruídas pelo ciclone e sem acesso a água potável e materiais médicos.

© African Parks
Crianças da aldeia de Povo, em Bandua, congregam-se quando avistam a chegada da equipa com ajuda humanitária urgente.

Sob a orientação do Instituto Nacional de Gestão de Desastres de Moçambique, a operação de resgate da African Parks está principalmente focada em alcançar as aldeias periféricas. A nossa equipa está a trabalhar em estreita coordenação com o Aeroclube de Moçambique, a Mercy Air, o Gift of the Givers, o Parque Nacional da Gorongosa e a Cruz Vermelha, para garantir a entrega eficiente da ajuda humanitária. Usando o nosso helicóptero e dois barcos, e graças ao apoio dos fiscais de Bazaruto, conseguimos conjuntamente levar quase quatro toneladas de alimentos, suprimentos, equipamento médico e médicos para as numerosas aldeias em necessidade urgente de socorro.

O nosso chefe da operação de resgate, o Gestor de Operações de Campo de Bazaruto, Pablo Schapira, descreveu histórias heróicas ​​de resiliência e organização nas comunidades que ficaram totalmente isoladas do resto do país:

"Um jovem professor chamado Joaquim caminhou dois dias em busca de socorro, finalmente cruzando-se com as nossas equipas às quais pediu assistência urgente para as 20 mil pessoas da sua aldeia, chamada Povo, onde as cheias haviam submergido 90% das suas habitações. Devido à coragem dele, pôs a aldeia no mapa de assistência humanitária, pelo que a nossa equipa conseguiu chegar lá e entregar 2,4 toneladas de comida e ajuda médica."

Uma das principais prioridades é identificar outras aldeias, como a Povo, para que sejam incluídas no mapa de assistência humanitária de modo a poderem receber ajuda contínua, até que o transporte terrestre consiga la chegar. Os dois barcos já distribuíram mais de 900 quilos de alimentos a outras povoações ao longo do rio. O nível de organização dessas comunidades é extraordinário,pois já montaram estruturas claras que facultam a distribuição ordenada dos suprimentos.

© African Parks
Fiscais de Bazaruto ajudam a descarregar os materiais médicos do helicóptero no acampamento humanitário de Estaquinha.

Ficámos comovidos com a profusão de apoio que recebemos dos nossos amigos e parceiros, cujas elevadas contribuições perfizeram mais de US $ 135.000. A nossa colaboração com outros grupos na região também tem sido fundamental, como a colaboração com o Projecto de Niassa para Carnívoros da TRT Conservation Foundation, que nos doou US $ 50.000 para financiar a nossa operação de helicóptero. Esses compromissos permitem-nos manter as nossas equipas no terreno e operar por mais tempo, socorrendo assim o maior número de pessoas possível.

Nos próximos dias, as nossas equipas, juntamente com outras, estabelecerão um campo operacional mais próximo da bacia do Buzi, a partir do qual poderão aceder a estas zonas remotas, de forma mais eficiente. Dada a enorme escala da crise humanitária, prevemos a necessidade de continuar as nossas operações de socorro mais algumas semanas até que as possamos entregar a outras organizações humanitárias.

Continuaremos a fornecer-lhes informação actualizada sobre os progressos das nossas equipas no terreno.

Com sinceros agradecimentos,

African Parks

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